sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Debate e votação da resolução para as indústrias de Hidrogênio Verde a serem implantadas no Ceará promove conquistas, mas gera preocupação com o possível aumento do desmatamento na caatinga

 

Reunião ordinária do Conselho Estadual do Meio Ambiente – COEMA, que ocorreu nesta quinta-feira, 10/02, realizou debate e votação da resolução que dispõe sobre os procedimentos, critérios e parâmetros aplicáveis ao licenciamento ambiental no âmbito da Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE para empreendimentos de produção de hidrogênio verde no Estado do Ceará.



A Resolução do COEMA para implantação de empreendimentos de produção de hidrogênio verde no Estado do Ceará foi aprovada em reunião ordinária e entrará em vigor na data de sua publicação. 

– Para os efeitos desta Resolução, entende-se por hidrogênio verde aquele produzido de fontes renováveis variáveis, particularmente, energias eólica e solar, via eletrólise da água  esclarece o documento do COEMA. 

De acordo com o advogado e ambientalista João Alfredo Telles Melo, presidente da comissão de Meio Ambiente da OAB/CE e representante da entidade no COEMA, a reunião promoveu conquistas importantes no debate e votação da resolução para as indústrias de Hidrogênio Verde (H2V) a serem implantadas no Estado do Ceará, mas um dado preocupante, segundo ele, é a possibilidade de aumento da área devastada no bioma caatinga, no âmbito estadual.

“Em primeiro lugar, conseguimos garantir a consulta prévia, livre e informada (Convenção 169/OIT) às comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais a serem afetadas pelos projetos. Ao que me consta, é a primeira resolução do COEMA que traz essa exigência que traduz o respeito que se deve ter aos guardiões e às guardiãs de nosso patrimônio natural, étnico e cultural”, destaca João Alfredo.

Outra conquista importante, segundo ele, está relacionada aos locais de instalação dos empreendimentos em áreas consideradas sensíveis. “Além disso conseguimos retirar do texto tanto a previsão da construção desses empreendimentos em áreas socioambientais e culturais sensíveis como a classificação desse tipo de atividade industrial sendo de utilidade pública. Por último, a exigência de análise de riscos em todos os projetos de H2V foi incluída na resolução”, avalia o advogado. 

O ponto mais preocupante, de acordo com ele, é a possibilidade de aumento na taxa de desmatamento da caatinga no Ceará, o estado que mais perdeu formações florestais deste bioma em 36 anos“Em contrapartida, três projetos de fazendas solares fotovoltaicas - que vão ser votadas na próxima semana - autorizam o desmatamento de quase 3.000 hectares de vegetação de caatinga”, alerta João Alfredo.


  Foto: Janete Melo - Ciclovida - Barra do Leme, Pentecoste, Ceará

                     

Leia a íntegra da Resolução do COEMA. 

Veja aqui o panorama do desmatamento na caatinga, na plataforma do MapBiomas

Conheça mais sobre o bioma Caatinga, na série Biomas Brasileiros, do nosso portal Observatório Socioambiental.


Edição: Janete Melo - Observatório Socioambiental


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