Local: Comunidade
indígena de Nazaré, povos Tabajara e Tapuio-Itamaraty (Lagoa de São Francisco,
Piauí)
Realização: Rede
Indígena de Memória e Museologia Social do Brasil e Associação dos Povos
Indígenas Tabajara e Tapuio-Itamaraty da comunidade Nazaré.
Apoio: Museu do
Índio-RJ, Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade (NEPE-UFPE), Rede
Cearense de Museus Comunitários, Prefeitura Municipal de Lagoa de São
Francisco, Obra Kouping do Piauí, Instituto de Pesquisa e Formação Indígena
(IEPÉ), Governo do Estado do Piauí, Associação para o Desenvolvimento Local
Co-Produzido (ADELCO), Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Universidade Federal
do Piauí (UFPI), Departamento de Ciências Sociais e Programa de Pós-Graduação
em Antropologia (UFPI) e Universidade Estadual do Piauí (UESPI).
As inscrições foram finalizadas com 164 inscritos, sendo:
29 pesquisadores (7
estados e 3 países)
21 estudantes (4
estados)
114 indígenas (12
estados e 3 países)
O III Fórum
Nacional de Museus Indígenas do Brasil é um encontro de povos indígenas que
desenvolvem processos museológicos e ações educativas com patrimônio e memória
em seus territórios, concebido com o objetivo político de avançar na
organização da Rede Indígena de Memória e Museologia Social, potencializando os
processos museológicos colaborativos através da definição de linhas de trabalho
coletivas, estruturas de gestão e tomadas de decisão, formas de funcionamento e
dinâmicas de atuação. No III Fórum direcionamos nossas atividades para uma
ampla troca de experiências entre povos e museus indígenas participantes e, ao
optarmos por metodologias que estimulam o trabalho conjunto e a construção
coletiva do conhecimento, objetivamos promover um diálogo que produza um
planejamento para ser desenvolvido nos próximos anos pelas iniciativas e povos
integrantes da Rede Indígena de Memória e Museologia Social do Brasil.
As atividades do
III Fórum foram planejadas a partir de quatro linhas temáticas: Trocas de
experiências; O conceito de museu indígena; Organização social dos povos
indígenas; Articulação e organização em rede. As rodas de diálogo, dinâmicas e
de formato horizontal, estimulam a participação e a reflexão coletiva. O
desafio de provocar reflexões e diálogos criativos através de palavras e
perguntas-geradoras, ora direcionadas a cada povo ora a grupos interétnicos,
estimulando-os pela divisão em equipes de trabalho e apresentações coletivas
dos debates; se direciona para concretizar o objetivo de tornar deste Fórum um
momento de construção coletiva que
possibilitará a criação de uma estrutura de gestão coletiva em âmbito da Rede
Indígena de Memória e Museologia Social, inspirada nos elementos da organização
social dos povos onde os museus indígenas estão localizados, que defina
critérios de participação, formas de consulta, instâncias decisórias,
atribuição de funções, linhas de trabalho, dinâmica de funcionamento,
planejamento, execução de atividades e os projetos coletivos. As rodas de
diálogo, dinâmicas e de formato horizontal, estimulam a participação e a
reflexão coletiva. O III Fórum Nacional de Museus Indígenas do Brasil é o
principal espaço de diálogo entre coletividades indígenas que, partindo de seus
diferentes modos de organização social e de suas diversificadas políticas da
memória, direcionam seus esforços para o fortalecimento de uma organização em
rede de museus indígenas.
O Fórum constitui
também um importante momento na consolidação de redes de diálogo intercultural
à nível latino-americano, no tocante aos museus dos povos indígenas, efetuado
nos últimos anos principalmente através da aproximação das iniciativas
brasileiras com a Red de Museos Comunitarios de America e com a Unión de Museos
Comunitarios de Oaxaca (UMCO), representada pelo indígena zapoteco Adrián Silva
Rodriguéz no III Fórum Nacional de Museus Indígenas do Brasil.
PROGRAMAÇÃO
1° dia
Dia 18 de outubro
de 2017, quarta-feira
TARDE
Pré-evento do III
Fórum Nacional de Museus Indígenas do Brasil
14 às 17h
Roda de Conversa
Museus, memória e
resistência dos povos indígenas no Brasil
Participantes:
Pesquisadores e indígenas participantes do III Fórum Nacional de Museus
Indígenas do Brasil, em translado por Teresina.
Local: Universidade
Federal do Piauí – UFPI, Campus Teresina-PI
17h
Saída do ônibus da
UFPI de Teresina para a comunidade de Nazaré, município de Lagoa de São
Francisco
Início da chegada
das delegações de indígenas, pesquisadores e estudantes na comunidade Nazaré
20h
Jantar e
acolhimento
2° dia
Dia 19 de outubro
de 2017, quinta-feira
MANHÃ
7h
Café-da-manhã
8h
Início do
credenciamento dos participantes
9h
Ritualística de
abertura do III Fórum Nacional de Museus Indígenas
Palavras da
comissão organizadora e dos povos indígenas do Estado do Piauí
Breve apresentação
das delegações e participantes
Caciques, pajés e
lideranças tradicionais dos povos presentes
Rede Indígena de
Memória e Museologia Social, organizações indígenas e instituições parceiras
10h30
Divisão das
comissões de trabalhos
Notas do III Fórum
Limpeza e
organização do espaço
Dinâmicas
Distribuição de
material
Pontualidade
11h
Palestra de abertura
Memória, autonomia
e museus comunitários nas lutas dos povos indígenas de Oaxaca (México): a
experiência da Unión de Museos Comunitarios de Oaxaca, UMCO (1991-2017)
Memória, autonomía
y museos comunitarios en las luchas de los pueblos indigenas de Oaxaca
(México): la experiencia de la Unión de Museos Comunitarios de Oaxaca, UMCO
(1991-2017)
Ministrante:
Maestro Adrián Silva Rodriguéz, integrante do comitê do Museo Comunitario San
Francisco Cajonos (pueblo San Francisco Cajonos, Sierra Norte, Oaxaca) e
presidente do Consejo Directivo da UMCO.
12h30
Almoço
TARDE
14h
Roda de diálogos 1
Trocas de
experiências entre os museus e povos indígenas
Metodologia:
Divisão por
museu-experiência e povo, diálogo e posterior apresentação no coletivo. Antes
do início dos trabalhos, nomear o grupo e definir um coordenador e um relator
para cada grupo. Na sistematização e apresentação dos resultados, sugere-se
ampla participação. Utilizar as cartolinas e pincéis para sistematizar o
debate. Os grupos, sejam os interétnicos ou os por museu-experiência e povo, se
reunirão durante várias rodas de diálogo durante o Fórum.
Perguntas-geradoras
Em grupo:
- Quem somos e onde estamos?
- O que fazemos e como fazemos?
- Como surgiu o museu em nossa comunidade?
- Quais são os nossos objetivos?
- Quais são as nossas dificuldades e os nossos desafios?
- Como o museu indígena e a memória contribuem e fortalecem nossas lutas?
Pergunta para a
reflexão coletiva:
- O que temos em comum e o que temos de diferente?
16h30
Roda de diálogos 2
O conceito de museu
para nós indígenas
Metodologia:
Divisão em grupos interétnicos, diálogo e posterior apresentação no coletivo.
Perguntas-geradoras
Em grupo:
- Como definimos um museu indígena?
- O que é o museu para nosso povo?
- Qual a função do museu em nosso povo? Como atuamos no museu?
- Qual a importância da memória para a luta dos povos indígenas?
- Como os museus podem contribuir para a luta dos povos indígenas? (Esta última resposta através de desenhos coletivos)
Pergunta para a
reflexão coletiva
- O que podemos fazer juntos? (Ao final, será construído um mural coletivo com palavras-geradoras)
NOITE
19h
Jantar
20h30
Noite Cultural -
União das Espiritualidades dos Povos
Ritual mediado por
Ninawa Huni Kuin (AC), em torno de caciques e pajés presentes
3° dia
20 de outubro de
2017, sexta-feira
MANHÃ
7h
Café-da-manhã
8h30
Roda de diálogos 3
Organização social
dos povos indígenas
Metodologia:
Divisão por
museu-experiência e povo, diálogo e posterior apresentação no coletivo.
Perguntas-geradoras
Em grupo:
- Como nos auto-denominamos e porque?
- Como contamos nossa história?
- Como é nossa relação com o território em que vivemos?
- Quais as formas, espaços e instâncias de organização coletiva do povo-comunidade-grupos? (Listar)
- Como e com quem atuam cada uma delas?
- Quais os principais espaços de discussão visando tomadas de decisões coletivas e como funcionam estes espaços?
- Como estamos organizados a níveis macro, médio e micro?
- Qual a relação do museu indígena com a organização social do povo?
Pergunta para a
reflexão coletiva:
- Como o museu indígena pode contribuir no fortalecimento da organização social dos povos?
11h
Roda de diálogos 4
Articulação e
organização em rede
Divisão por
museu-experiência e povo, diálogo e posterior apresentação no grupo completo.
Perguntas-geradoras
Em grupo
- Qual a relação entre organização local e a organização em rede?
- Como a relação com o Estado interfere na organização local? Por que?
- Como se tomam decisões (sobre o museu) na comunidade?
- O que podemos fazer juntos?
Perguntas para a
reflexão coletiva
- Como avançar na organização nacional da Rede Indígena de Memória e Museologia Social? (questões: funcionamento, estrutura de gestão, atividades anuais, instâncias decisórias coletivas, linhas de atuação conjuntas, critérios para integrar a Rede etc.)
TARDE
14h30
Roda de diálogos 5
A visão dos Pajés,
caciques e lideranças sobre os museus e a memória indígenas
Mediador:
Suzenalson Santos (Museu dos Kanindé-CE)
Participantes:
cacique Sotero (Museu dos Kanindé, CE), Nino Fernandes (povo Tikuna, Museu
Maguta, AM), Fabrício Narciso dos Santos (povo Karipuna, Museu Kuahí dos povos
Indígenas do Oiapoque, AP), cacique João Venança (povo Tremembé de Almofala,
CE), Dirce Jorge Lipu (Museu Wowkriwig, TI Vanuíre, SP), Wagner Crowheh
Krikati (Cacique do Povo Krikati, Aldeia
São José, TI Krikati, Conselho Indígena Pep cahyc Krikati), Dioclécio Manoel do
Nascimento (Roberto de Mané Miguel, Quilombo-indígena de Tiririca dos
Crioulos-PE, Guardião do Museu Centro Espírita Canzuá do Velho Xangô), Heraldo
Alves, (Museu Indígena Jenipapo-Kanindé,
CE), Robério Maia (cacique do povo Kapinawá-PE), pajé Luís Caboclo (povo
Tremembé de Almofala, CE), Ninawa Huni Kuin (Federação dos Povos Huni Kuin do
Acre, FEPHAC), Socorro Kapinawa, Cícero Pereira dos Santos (Associação Indígena
Kanindé de Aratuba-AIKA, CE), Luiz Weimylawa Suruí (Museu Paiter A Soe, RO),
pajé Raimundinha (povo Tapeba, CE), Rosa Veras (povo Potyguara, CE), Têka
Potiguara (Movimento POTIGATAPUYA, CE), Awaé Waura (Comunidade Trumai, Medio
Xingu, Mato Grosso-MT), Autiere Damaceno Cotui (Museu Akran Oran Krenak, TI Vanuíre, SP), Carlos Fernandes Guarani
(Papá Mirim, Aldeia do Rio Silveira, SP), Cristina Rodrigues Torres (Kariri de Crateús, CE), Sibá Potyguara
(Movimento POTIGATAPUYA, CE), Audálio Diniz (povo Kapinawá), Cristine Matias de
Lima (Cristine Takuá, Comissão Guarani Yvyrupá, povo Maxacali, MG), Jacira
Maria da Conceição (cantadora de samba de coco, povo Kapinawá) Gerolino José
Cezar (Povo Terena, TI Araribá, SP), Ricardo Alexandre Silva (Povo Terena, TI Taunay, MS), Ronaldo Iaiati
(TI Icatu, Braúna, SP), Lucia Maria Tavares (Museu do Índio Luíza Cantofa e
Centro Histórico Cultural Tapuias Paiacus da Lagoa do Apodi -RN), José Ronaldo
Kapinawá (Museu Kapinawá, PE), Ivo Fontoura (Povo Tukano, Federação das
Organizações Indígenas do Alto Rio Negro, FOIRN), Alzenar Oliveira – Zeno (povo
Tupinambá da Serra do Padeiro, Bahia), pajé Barbosa (Museu Indígena Pitaguary,
CE).
17h30
Palestra
Apropriação e uso
de acervos documentais pelos povos indígena no Brasil: problemas, ferramentas
digitais e desafios atuais
Ministrante: José
Carlos Levinho (Diretor do Museu do Índio-FUNAI, RJ)
NOITE
19h
Jantar
20h30
Noite Cultural
Apresentação dos
vídeos do diálogo entre Rede Indígena de Memória e Museologia Social e Unión de
Museos Comunitários de Oaxaca (UMCO), México
Canta Índio do
Brasil – Apresentação musical do grupo de estudantes da comunidade Nazaré
Vagner Ribeiro (PI)
– Roda Curumim nos sertões de dentro (apresentação musical)
Samba de Coco dos
Kapinawá
Fogueira e toré
4° dia
21 de outubro de
2017, sábado
MANHÃ
7h
Café da manhã
8h
Mesa-redonda
A presença indígena
no Piauí: história, memória, território e políticas públicas
Mediador: Hélder de
Sousa, antropólogo (UFPI)
Participantes:
Cacique Zé Guilherme (primeiro presidente da Associação Itacoatiara de Piripiri,
povo Tabajara), Cacique Henrique Tabajara (Tabajara de Nazaré, Lagoa de São
Francisco), pajé Chicão (povo Tabajara de Piripiri-PI), Romeu Tavares
(FUNAI-PI), Wellington Dias “Índio” (Governador do Estado do Piauí) e Francisca
Cariri (Queimada Nova-PI)
10h
Roda de diálogos 6
Como avançar na
organização nacional da Rede Indígena de Memória e Museologia Social?
Metodologia:
Divisão em grupos
interétnicos, diálogo e posterior apresentação no coletivo
Perguntas
geradoras:
Em grupo
- O que é a Rede Indígena de Memória e Museologia Social e qual seu papel?
- Quem são os membros da Rede? Quais os critérios para participar?
- Quais são as instâncias de diálogo e decisão da Rede hoje? Como ampliá-los e fortalecê-los?
- Quais os canais de comunicação da Rede? Internos e externos?
- De que forma podemos financiar as ações da Rede, estimulando a autonomia?
- Que ações podemos fazer conjuntamente para nos fortalecer enquanto Rede Indígena de Memória e Museologia Social?
- O que podemos fazer uns com os outros, juntos? E como?
Pergunta para a
reflexão coletiva:
- Qual nossa proposta para a criação de uma instância de gestão coletiva entre os museus indígenas que integram a Rede? Como podem ser? (Propostas sobre composição, dinâmica e funcionamento)
12h - Almoço
TARDE
14h
Assembléia Geral da
Rede Indígena de Memória e Museologia Social do Brasil
Pauta: Apresentação
do mapeamento de museus indígenas no Brasil; apresentação e avaliação dos
trabalhos das comissões: Notas do III Fórum (leitura e aprovação), Limpeza do
espaço, Dinâmicas, Distribuição de material, Pontualidade; definição da
instância de gestão coletiva e tomadas de decisão, sua dinâmica de
funcionamento e linhas de atuação prioritárias da Rede; escolha da data e local
do III Fórum Nacional de Museus Indígenas (apresentação de candidaturas e
definição).
Coordenação:
Suzenalson Santos (Museu dos Kanindé/CE) e Ronaldo Siqueira (Museu Kapinawá/PE)
NOITE
20h
Confraternização de
encerramento do III Fórum Nacional de Museus Indígenas do Brasil
Troca de presentes
entre os participantes e as delegações participantes
Fogueira e toré
5° dia
Dia 22 de outubro,
domingo
MANHÃ
7h
Café da manhã
Ritual de
encerramento
9h
Retorno dos
participantes
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Enviado por Alexandre Gomes para o Observatório Socioambiental