Narubia Werreria faz carta aberta sobre o suicídio de jovens
de seu povo. Em formato de abaixo-assinado para a presidente Dilma Rousssef:
"Pensar sobre o suicídio que vem acontecendo em meio ao nosso
povo me deixa paralisada, falar e não encontrar as lágrimas no rosto, parece
impossível. Não sei se saberei descrever nossa dor, nem o quanto esses últimos
anos estão sendo aterradores para nós. Queria manchar essa tela de sangue,
talvez o nosso sangue clame mais por socorro que minhas palavras!
Só neste ano foram dois jovens que se suicidaram. Sábado,
dia 01 de fevereiro de 2014, perdemos outra vida. Aceitar a morte não é facil,
aceitar a morte de jovens com menos de 25 anos, que se matam um após o outro é
algo quase inaceitável.
Meu povo Iny (Karajá e Javaé) da Ilha do Bananal - TO, tem
uma população de 6 mil pessoas, somos um povo alegre, somos o povo do fundo da
água e a nossa morada é na Ilha, a maior Ilha fluvial do mundo. Já fomos fortes
e com muito orgulho de sermos quem somos, hoje resta o orgulho do passado. Hoje
nosso olhar por mais alegre que é e tenha sido, transparece a tristeza e a
nossa dor parece não ter fim.
Nosso visão do futuro é desesperadora e apesar dos inúmeros
Seminários e encontros feitos, das pesquisas e pedidos de ajuda que expomos, os
órgãos competentes nada fizeram de REAL E EFICAZ para sarar nosso povo, estamos
cansados de reunião que não produz, cansados de gastar tanto sol, sem nada
iluminar.
Nós não temos mais segurança, o acoolismo, drogas e
protituição invadiram nossas aldeias, o atendimento básico a saúde e educação
são precários, a assistência em saúde mental não consegue cuidar dos atuais
transtornos de nossos jovens e nós não sabemos lidar com esses problemas que
vieram com a sociedade não nativa (não indígena).
Tenho esperança que nosso povo venha superar esses traumas e
que nossos jovens voltem a sonhar e não terem pensamentos de morte e
autodestruição, precisamos de uma intervenção urgente, com uma equipe
multidisciplinar e que venham psiquiatras que realmente queiram nos tratar e
nos ver saúdaveis.
Que nossa alegria de viver volte e que quando eu tiver
velhinha, olhe para nossas crianças com esperança que o nosso povo não só
sobreviverá, como sobrevive muitos outros povos nativos. Queremos viver. Não
queremos apenas resistir, queremos existir com dignidade".
Assine a petição:
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