quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Espécies vegetais na Serra da Monguba (CE) conseguem trazer beleza ao ecossistema fortemente degradado


O município de Pacatuba tem sua origem histórica relacionada com a formação de núcleos populacionais ao pé da serra de Aratanha, que em meados do século XVII, mediante a concessão de sesmarias nas terras férteis de suas encostas, atraíram numerosos moradores, possibilitando a formação do povoado que, posteriormente, transformou-se em Distrito e Município, desmembrando-se do seu Município de origem - Maranguape. (Fonte: IBGE) 

A existência em abundância de um pequeno mamífero conhecido pelo nome de paca conferiu-lhe o nome que, na língua tupi, significa: paca (animal) + tuba (lugar abundante), traduzindo-se, portanto como "lugar de muita paca".

A localidade de Monguba está situada próxima à Rodovia CE 060 em Pacatuba, estando em grande parte encravada no sopé da serra e cercada pelo verde da mata serrana (já muito degradada). Pelo decreto-lei estadual nº 448, de 20-12-1938, foi criado o distrito de Monguba e anexado ao município de Pacatuba. Nesta localidade está situada a Aldeia Monguba, que faz parte da Terra Indígena Pitaguary.


O relevo da serra de Pacatuba mostra formas dos tabuleiros sedimentares pré-litorâneos, com o ondulado fracamente dissecado da unidade geoambiental denominada Depressão Sertaneja. As cristas e colinas dos maciços residuais podem chegar a quase 500 metros acima do nível do mar. Apresenta bem desenvolvida a caatinga arbustiva densa, a vegetação mista de caatinga e mata serrana dos tabuleiros, além de manchas de mata úmida (floresta subperenifólia tropical plúvio-nebular) nas porções mais elevadas do terreno. 

Já na serra da Monguba, a encosta, recoberta por espécies típicas da Caatinga, com extrato arbustivo, encontra-se fortemente desmatada; é composta de solos rasos e lixiviados e, em alguns pontos, é possível constatar a derrubada recente de árvores de pequeno porte para práticas de cultivo, com manejo inadequado do solo.

Exemplares de espécies vegetais identificadas na Serra da Monguba

O topo da serra, constituindo uma área de transição entre os biomas Caatinga e Mata Atlântica, encontra-se praticamente desflorestado, muito depauperado. O espaçamento entre uma espécie e outra é relativamente grande. O avanço de espécies invasoras tem provocado o aniquilamento de espécies nativas de menor porte e com o passar do tempo, também vem provocando o desaparecimento de espécies de porte mais alto.


Nas nascentes, além da presença de muitas mangueiras, espécie que absolve muita água do solo, o desmatamento provocou o assoreamento, reduzindo bastante a capacidade de alimentação da rede de drenagem (rios, riachos, córregos). As nascentes assoreadas deixam de aflorar por causa do rebaixamento do lençol freático.  É possível que alguns desses olhos d’água tenham secado totalmente, “morreram”, em linguagem popular.

Os incêndios (acidentais ou criminosos), as práticas inadequadas da agricultura e as explosões provocadas pela ação da antiga pedreira, são apontados como principais fatores para o atual estado de degradação da cobertura vegetal da serra da Monguba.

Algumas espécies, mais resistentes, formam um espetáculo à parte e mesmo diante de tanta degradação conseguem trazer beleza ao ecossistema, como é o caso dos belos Ipês amarelos que parecem salpicar de ouro a Serra da Monguba.


Colaboração:
Pajé BarbosaRosa Pitaguary, João Pitaguary, Wilton Matos, Evilene Castro, Leonardo Jales, Érica Pontes, Aline Rodrigues e Wladiana Matos.

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