Há 25 anos, nós, povos indígenas do Brasil, ajudamos a mudar a história deste país, escrevendo parte da Constituição Federal, que completa 25 anos esta semana. Nela estão os artigos 231 e 232, que garantem os nossos direitos, mas também muitos outros artigos que asseguram direitos à cultura, ao meio ambiente e outras importantes conquistas da sociedade brasileira. Vinte e cinco anos é o tempo de uma geração e nós, povos indígenas, estamos aqui há milênios.
Ao completar 25
anos, a nossa Constituição e os nossos direitos fundamentais à terra estão
sofrendo um forte ataque por parte daqueles que sempre ambicionaram nossas
terras e riquezas. Mas a nossa vida não se negocia e no nosso sangue corre o
orgulho dos nossos antepassados. Por eles e pelas gerações futuras, vamos lutar
pelos direitos que conquistamos.
Nossa luta não é
uma luta de poucos, nem apenas nossa: é uma luta pelo Brasil, por um país
justo, plural e rico em sua diversidade, que nós cultivamos. Mais do que isso:
queremos uma sociedade em harmonia com a natureza e que permita aos nossos
filhos e netos terem contato com rios limpos, matas que abriguem nossos
animais, e cidades menos poluídas e agradáveis para se viver. Quem não sonha
com isso, afinal? Tudo isso passa pela manutenção de nossos direitos; pela
conservação de nossos territórios e pela valorização de nossas culturas.
Nossa história é
contada de geração em geração e deve ser conhecida por todos os brasileiros,
diferentemente dos livros da história oficial ensinada a vocês. A valorização
da memória, do que ouvimos dos mais velhos, do que aprendemos com eles, é
fundamento das nossas identidades, que dialoga com os novos saberes que estamos
constantemente adquirindo para construir o que somos hoje.
Somos mais de 235
povos diferentes, mas estamos unidos na mesma luta. Nesta semana em que estamos
voltando à Esplanada dos Ministérios, queremos dar o recado de que vamos
reafirmar as nossas conquistas históricas, culturas, terras e modos
tradicionais de vida. Queremos falar nossas línguas, nos apropriar e contribuir
para o desenvolvimento das mais diversas tecnologias, e construir um país
realmente para todos.
Temos orgulho da
nossa história, das lutas de hoje e do compromisso que temos com cada uma das
nossas comunidades. É isso o que nos leva adiante. É o que nos faz resistir a
todo tipo de ataque, ou estratégia para nos reduzir, ou confinar. É, ainda, a
força que move povos inteiros a resistir nas mais duras condições.
Estamos nas ruas,
pacificamente, para mostrar que há no Brasil espaço para todos. Resistiremos
sempre. Nossos modos de vida tradicionais sobrevivem da terra, em função da
terra e é pelo direito fundamental a ela que estamos aqui - e que nenhum
governo vai nos tirar, pois, além disso, as terras indígenas são patrimônio e
bem da União e as áreas protegidas têm um papel fundamental no equilíbrio do
clima do país e do planeta. Queremos contar com o seu apoio e a sua
solidariedade, pois, como dissemos, essa luta não é só nossa: é de todos os que
defendem a Constituição, a justiça e os direitos nelas assegurados.
Vem pra Esplanada
você também!
ARTICULAÇÃO DOS
POVOS INDÍGENAS DO BRASIL: APOINME – ARPIN SUDESTE – ARPIN SUL – ARPIPAN – ATY
GUASU – COIAB
Compartilhado por Henyo Barreto