por Cristiane Faustino*
"São os ricos e poderosos, portanto, os maiores responsáveis pela destruição do Meio Ambiente e pela degradação da vida cotidiana das populações no campo e na cidade. Isso chamamos de Injustiças e Racismo Ambientais. Eles chamam de Desenvolvimento”.
Foto: Sandra Helena de Freitas
Juntar, mobilizar, multiplicar e unificar forças para denunciar as violências do desenvolvimento brasileiro e do Ceará; afirmar os direitos dos povos e as diversidades culturais e anunciar para a sociedade que é possível construir um mundo, uma cidade, um estado e um país muito melhor para todas as pessoas em suas relações com a natureza e os bens comuns. Foi esse o espírito dos movimentos sociais, organizações e pessoas que no dia 05 de junho de 2013, Dia Mundial do Meio Ambiente, ocuparam as ruas de Fortaleza/CE.
No manifesto a força da juventude, a festa das crianças, a persistência dos adultos e idosos e a esperança ampliada e humanizada. Mulheres, homens, meninos e meninas em abraços solidários aos Povos Indígenas, Camponeses, Quilombolas, Pescadores e Pescadoras, Catadores e Catadores/as de Materiais Recicláveis e Resíduos Sólidos, Comunidades Urbanas, Povo Negro, todos e todas que vem sendo violentados pelo modelo de desenvolvimento capitalista, racista, etnocêntrico, machista e patriarcal.
Denunciaram o avanço de políticas econômicas colonialistas que desde 1500 saqueam os bens ambientais do Brasil, degradam os ecossistemas e a biodiversidade, escravizam e segregam negros e negras, promovem genocídio contra os povos originários, exploram o trabalho, estupram e comercializam o corpo das mulheres!
Ao som de tambores, maracás e vozes emocionadas o povo organizado e desorganizado alertou que Cuidar do Meio Ambiente, é, mais que tudo, lutar contra as injustiças e desigualdades; alertou ao Estado que já é hora de findar com o discurso de empresas e latifundiários que tenta justificar, em nome da sociedade, toda sorte de violações dos direitos dos Povos, dizendo: “É o Estado, e não a população, que escolhe o genocídio como método para se consolidar como “potência econômica”.
Quem entende que garantir direitos, cidadania e vida pacífica aos povos é entravar o desenvolvimento é agente e cúmplice desse genocídio e nunca nos representará”. Alertou sobre os perigos do avanço dos fundamentalismos contra Mulheres, LGBTs e os direitos de crença e culto. Alertou que não é possível ter paz nem meio ambiente saudável, “enquanto houver populações inteiras sendo vitimadas pelas decisões dos ricos e poderosos, [e que] jamais poderemos ser felizes, jamais poderemos deixar para nossos filhos e filhas um mundo melhor”.
Para quem vive em tempos tão sombrios, testemunhar a lucidez dos sonhos e a intensidade dos desejos de dias melhores, onde as diversidades se alinham em identidades coletivas, é alentoso aconchego, nos revigora e nos anima a seguir adiante, na feliz convicção de escolher o lado certo!
*Cristiane Faustino é educadora do Instituto Terramar e ativista da Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA) e do Fórum Cearense de Mulheres (FCM).