Atlas é lançado nesta terça-feira
(4), em Santa Cruz
de La Sierra ,
Bolívia, pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada. A
análise de desmatamento mostra que, entre 2000 e 2010, foram suprimidos cerca
de 240 mil km2 de floresta amazônica nos nove países onde ela está presente. As
pressões e ameaças à Amazônia indicam que paisagens de florestas, a diversidade
social e ambiental e de água doce estão sendo substituídas por paisagens
degradadas, savanizadas, áreas mais secas e mais homogêneas.
Organizações da sociedade civil e
de pesquisa que fazem parte da Rede Amazônica de Informação Socioambiental
Georreferenciada (Raisg) lançaram ontem, 05 de dezembro, o Atlas Amazônia sob
pressão. A publicação, assim como outros produtos gerados pela Raisg
(disponíveis em raisg.socioambiental.org), tem como principal objetivo superar
visões fragmentadas da Amazônia sul-americana e fornecer uma visão abrangente
das pressões e ameaças para toda a região.

“Se todos os interesses
econômicos que se sobrepõem se concretizarem nos próximos anos, a Amazônia vai
se tornar uma savana com ilhas de floresta”, diz o coordenador geral da Raisg,
Beto Ricardo, do Instituto Socioambiental (Brasil), uma das organizações que
compõem a rede.
As pressões e ameaças à Amazônia
mostram que as paisagens de floresta, da diversidade socioambiental e de água
doce estão sendo substituídas por paisagens degradadas, savanizadas, áreas mais
secas e mais homogêneas. Encontramos um arco do desmatamento que se estende do
Brasil para a Bolívia, uma área de pressão sobre água, de exploração de
petróleo na Amazônia Andina e um anel periférico de mineração.
O Atlas traz um conjunto de seis
pressões e ameaças sobre a Amazônia na última década – estradas, petróleo e
gás, hidrelétricas, mineração, desmatamento e focos de calor – analisados por
cinco diferentes unidades territoriais: a Amazônia, o Amazonas de cada país,
Áreas Naturais Protegidas, Bacias Hidrográficas e Territórios Indígenas. Essas
análises são feitas em 55 mapas, 61 tabelas, 23 gráficos, 16 boxes e 73
fotografias. Toda esta informação e análise está organizada em capítulos
temáticos, com um total de 68 páginas.
Nesta oportunidade não foi
possível incluir a análise de temas relevantes como a mineração ilegal,
extração de madeira e agricultura, devido à falta de informação qualificada e
cartograficamente representável para todos os países da Amazônia. Quando esses
fatores forem incluídos a situação geral pode ser ainda mais adversa.
Esta publicação é uma
contribuição da sociedade civil para o debate democrático sobre as pressões na
Amazônia, e particularmente na questão do desmatamento, que atualmente está sob
avaliação por diversos governos nacionais e em nível intergovernamental da
Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
A Amazônia apresentada nesta
publicação é um território de alta diversidade socioambiental em rápida
mudança. Ele cobre uma extensão de 7,8 milhões de km2, cerca de 12 macrobacias
e 158 sub-bacias, compartilhadas por 1.497 municípios, 68 departamentos /
estados / províncias em oito países: Bolívia (6,2%), Brasil (64,3%), Colômbia
(6,2%), Equador (1,5%), Guiana (2,8%), Peru (10,1%), Suriname (2,1%) e
Venezuela (5,8%), além da Guiana Francesa (1,1%). Na Amazônia vivem cerca de 33
milhões de pessoas, incluindo 385 povos indígenas, alguns em situação de
“isolamento”. São 610 ANPs e 2344 TIs que ocupam 45% da superfície amazônica,
não incluindo os proprietários de terras pequenas, médias e grandes, empresas
de vários tipos, instituições de pesquisa e desenvolvimento, bem como
organizações religiosas e da sociedade civil.
Raisg, uma iniciativa regional
que promove o acesso à informação e propõe desafios futuros
O principal objetivo da Raisg,
desde a sua fundação, é incentivar e facilitar a cooperação entre as
instituições que já trabalham com sistemas de informações georreferenciadas
socioambientais nos oito países da Amazônia, e da Guiana Francesa. Atualmente,
a rede tem 11 instituições associadas (raisg.socioambiental.org/instituciones).
A proposta da rede sempre foi criar um ambiente propício para o desenvolvimento
de longo prazo, cumulativo e descentralizado, que permite compilar, construir e
publicar informação e análise sobre a dinâmica contemporânea da (Pan) Amazônia.
Este atlas tem como objetivo
consolidar uma visão ampla e inclusiva regional que vai além da Amazônia no
Brasil, e inclui o ambiente andino e amazônico guaianenses. É um esforço
histórico para analisar a questão do desmatamento em toda a Amazônia usando uma
metodologia padronizada.
O trabalho para a implementação
dependeu de várias reuniões físicas em São Paulo , Lima, Belém, Bogotá e Quito, desde
2009 e teve o apoio de instituições como a Fundação Rainforest da Noruega, a
Fundação Ford, a Fundação Avina e a Skoll.
Um dos principais desafios para
as instituições envolvidas na Raisg será calcular o desmatamento acumulado até
2000, ano tomado como base na primeira edição do Amazônia sob Pressão.
Atualmente, a Raisg está em
processo de desenvolvimento de um plano de trabalho 2013-2015, que inclui:
rotina de manutenção e atualização, desenvolvimento, difusão e análise de dados
para as pressões e ameaças, a expansão de temas de trabalho, estabelecer
acordos de cooperação com outras redes para gerar produtos conjuntamente e a
criação de redes sub-regionais.
Os dados obtidos pelas
instituições da rede nesta publicação podem ser acessados por meio de
webservices.