Nesta sexta, 9 de Novembro de 2012, às 15
hrs, foi realizado na Praça da Bandeira com caminhada pelo Centro até a Praça do
Ferreira, Fortaleza – CE, um ato em defesa das comunidades indígenas ameaçadas
constantemente de expulsão de suas terras. O Evento fez parte de uma grande
mobilização em apoio aos índios Guaranis e Kaiowás no Estado do Mato Grosso e
pela demarcação de todas as Terras Indígenas no Brasil.
No Ceará, também ocorrem vários
conflitos nas terras dos Tapeba (Caucaia), Jenipapo-Kanindé (Aquiraz), Anacé (Pecém
– São Gonçalo do Amarante), Pitaguary (Pacatuba), Tremembé (Itarema e
Itapipoca), Tabajara e Calabaça (Poranga) e Tapuia Kariri (São Benedito). Entenda a situação das comunidades indígenas do Ceará através do blog: Siará Indígena.
A partir de uma carta escrita pelos índios guaranis e kaiowás de Pyelito Kue, formou-se uma grande rede de solidariedade em apoio à causa dos povos indígenas. Neste dia 09 de novembro ocorreram manifestações em mais de cinqüenta cidades do país. Em Fortaleza, assim como em outras cidades, a convocação para o evento foi articulada através do Facebook e contou com a importante participação das comunidades indígenas Tapeba e Pitaguary.
Veja mais fotos do ato postadas no Facebook.
Na antevéspera do Ato Nacional em
carta enviada pela organização guarani kaiowá, Aty Guasu, as lideranças
indígenas agradecem as mobilizações e pedem que os ativistas “saiam às ruas,
pintem os rostos, ocupem as praças, ecoem o grito do nosso povo que luta pela
vida, pelos territórios!”. Confira a mensagem da Aty Guasu:
CARTA DA ATY GUASU GUARANI E
KAIOWÁ AOS DIVERSOS MOVIMENTOS SOCIAIS E ATOS NACIONAIS EM DEFESA DO NOSSO
POVO.
“Saiam às ruas, pintem os rotos,
ocupem as praças, ecoem o grito do nosso povo que
luta pela vida, pelos territórios!”
Esta é uma carta das lideranças
do Aty Guasu (Grande Assembleia) direcionada especialmente às diversas
“mobilizações contra o genocídio do nosso povo Guarani e Kaiowá” previsto para
o dia 09 de novembro em várias cidades do País e do Mundo. Queremos agradecer
por todas estas iniciativas de solidariedade em defesa das nossas terras e
nossas vidas.
Hoje somos 46 mil pessoas
sobreviventes de um continuo e violento processo de extermínio físico e
cultural acarretado principalmente pela invasão histórica de nossos territórios
tradicionais (tekoha guasu) e por assassinatos de nossas lideranças e famílias.
Por isso reafirmamos que o Estado Brasileiro é o principal responsável por este
estado de genocídio, ora por participação, ora por omissão.
Nossa Aty Guasu é responsável nos
últimos 35 anos pela organização política regional e internacional do nosso
povo e por nossa luta na defesa e efetivação de nossos direitos fundamentais e
constitucionais, de modo prioritário a retomada dos territórios tradicionais.
Por esse motivo, nosso povo possui a maior quantidade de comunidades atacadas
por pistoleiros e de lideranças assassinadas na luta pela terra do Brasil
República.
Por isso, através desta carta
queremos unir nossas vozes a de todos vocês e promover o mesmo grito pela vida
de nosso povo com as seguintes prioridades:
- A imediata demarcação de nossos
territórios tradicionais e a desintrusão dos territórios já declarados e
homologados.
- Que a Funai publique, ainda
este ano, os relatórios de identificação dos territórios em estudo.
- Que diante do processo legítimo
de retomada de nossos territórios, nosso povo não seja despejados, uma vez que
roubaram nossas terras por primeiro e nos confinaram em pequenas reservas.
- Que o Conselho Nacional de
Justiça – CNJ crie mecanismos para que as ações judiciais envolvendo nossos
territórios sejam julgados com prioridade máxima, de modo, a não se arrastarem
por anos nas instância do judiciário, enquanto nosso povo passa fome à beira
das estradas em Mato
Grosso do Sul.
- Que haja uma efetiva ação de
segurança de nossas comunidades e lideranças em área de conflito e ameaçadas.
- Que os fazendeiros e
pistoleiros assassinos de nosso povo sejam julgados e condenados.
- A imediata revogação da
inconstitucional portaria 303 da Advocacia Geral da União e o fim das
iniciativas do Congresso Nacional em destruir nossos direitos garantidos na
Constituição Federal de modo unânime as PECs 215, 38, 71, 415, 257, 579 e 133.
Não aceitaremos mudança constitucional!
Por fim, que todas as
manifestações não se encerrem em 9 de novembro, mas que esta data seja o inicio
de um continuo engajamento da sociedade não indígena na defesa da vida de nosso
povo e de pressão sobre o governo.
Junto com todos vocês, nosso Povo
é mais forte e venceremos o poder desumano do agronegócio explorador e
destruidor de nossas terras. A ganancia deste sistema não vencerá a partilha de
nossos povos.
Vamos continuar a retomada de
todas as nossas terras tradicionais! Somos todos Guarani e Kaiowá! Muito
obrigado pela SUA VOZ SAGRADA PROTETORA: “TODOS POR GUARANI E KAIOWÁ!”
Dourados, 7 de novembro de 2012 –
Conselho do Aty Guasu Guarani e
Kaiowá.