Em boletim divulgado no dia 26 de abril de 2011, pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a Moradia Adequada, a urbanista brasileira Raquel Rolnik, faz um alerta ao governo brasileiro sobre casos de violações dos direitos humanos nas remoções de comunidades, em função das obras para a Copa de 2014 e, no caso do Rio de Janeiro, também para as Olimpíadas de 2016. As denúncias acolhidas pela ONU referem-se às cidades de Natal, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife. Também é citada no relatório, a falta de transparência nas ações do Poder Público.
Fortaleza, uma das cidades sedes dos jogos do Mundial de 2014, recebeu esta semana o Deputado Marcelo Freixo do PSOL-RJ. Em várias palestras na capital cearense, o parlamentar apresentou um retrato dramático dos impactos sócio-ambientais causados pelos mega-empreendimentos esportivos. No dia 28 de julho, às 19hs, participou na sede do PSOL-CE, juntamente com o Vereador João Alfredo, Soraya, Moisés, Renato Roseno, entre outros, de debate com o tema: Megaeventos e Resistência Popular.
Assim como acontece nas demais cidades escolhidas para receber os jogos do Mundial, Fortaleza também vive o drama das remoções de moradores das áreas potenciais para os interesses das obras, que, segundo informações do movimento popular de resistência, é feito de forma violenta e arbitrária, sem diálogo ou negociação prévia. Um outro problema grave é a especulação imobiliária que elevou de modo exorbitante a valorização da terra.
O dinheiro público também foi assunto debatido, considerando-se o grande volume de recursos que serão investidos na organização dos eventos esportivos: A Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Um outro agravante é o fato de alguns dos principais organizadores desses eventos encontrarem-se mergulhados em denúncias de corrupção, sendo alvos de protestos no Brasil e no Mundo.
O parlamentar carioca fez duras críticas ao modo como as ações vêem sendo conduzidas e alerta que estes megaeventos possivelmente não trarão ao País, e principalmente às populações de baixa renda, um legado positivo, pelo contrário, deverão consolidar ainda mais a segregação, o racismo ambiental. Lembrando que não se trata de está contra estes eventos, mas sim dos resultados negativos pela forma desordenada e injusta como eles são planejados e executados.
Os impactos dos megaeventos estão em discussão em vários setores da sociedade, mas ainda bem longe do necessário para uma efetiva consolidação dos resultados. O País todo precisa entrar no âmbito desse debate para evitar graves dificuldades no futuro e, principalmente, não permitir violações aos direitos humanos. Não se pode conceber que o espaço geográfico urbano, hoje já considerado caótico, torne-se ainda mais injusto, desorganizado, segregador e excludente em função de mega-projetos que não se sabe ainda, efetivamente, quem serão os verdadeiros beneficiados.