domingo, 30 de janeiro de 2011

Escalpelamento - Marcas no corpo e na alma

Considerado uma verdadeira TRAGÉDIA AMAZÔNICA, o escalpelamento ocorre quando o couro cabeludo (escalpo humano) é arrancado de forma brusca. O acidente acontece quando as vítimas, ao se aproximarem do motor das embarcações que singram os rios, principalmente na Amazônia e no estado de Santa Catarina, têm seus cabelos puxados e arrancados, total ou parcialmente pelo eixo do motor.

Algumas pessoas, na maioria mulheres, crianças ou idosos, e em vários casos evangélicas, que usam cabelos compridos e os mantém soltos durante essas viagens, no desespero para desvencilhar-se das engrenagens do motor, além do couro cabeludo, têm arrancados sobrancelhas, orelhas, partes do rosto, muitas vezes até braços e pernas, ficando com deformações gravíssimas e em alguns casos, levando-as até a morte.

Com o objetivo de tentar erradicar este tipo de acidente foi aprovada a Lei 11.970 que torna obrigatório o uso de proteção no motor, eixo e partes móveis das embarcações. O veículo que for flagrado sem o uso desses equipamentos, será apreendido e multado, além do condutor ter suspensa a habilitação para navegar. Se houver acidentes em decorrência da falta das proteções, quem dirige o barco poderá ser processado criminalmente.


"A Marinha, por meio da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, vem combatendo o problema nos rios da região, intensificando a Inspeção Naval e promovendo a cobertura nas pequenas embarcações com eixo propulsor do motor descoberto". (http://www.mar.mil.br)

De acordo com estatísticas, no período de 1982 a 2009 apenas no estado do Pará, foram confirmadas 242 vítimas por escalpelamento. As principais ocorrências foram na Grande Belém, em Marajó, baixo Tocantins e Tapajós. Conforme a Santa Casa, 80% dos casos são de pessoas do sexo feminino, 65% crianças, 30% adultos e 5%  idosas. Em toda a região Amazônica mais de 1,5 mil pessoas foram vítimas de escalpelamento nos últimos anos.

O tratamento das pessoas vítimas de escalpelamento, não pode recuperar os cabelos e nem as graves lesões decorrentes do arrancamento abrupto do couro cabeludo, de orelhas e pálpebras. Ele ocorre de modo gradual, por um longo e doloroso período e inclui uma série de cirurgias reparadoras com enxertos. As pacientes podem ficar internadas durante meses e até mais de um ano. São popularmente chamadas de “meninas de turbantes”, na maioria são jovens e crianças, que precisam passar por intervenções cirúrgicas e acompanhamento de vários profissionais e em especial com cirurgião plástico.

É necessário investir na PREVENÇÃO. Nós podemos nos comprometer com esta causa, incentivando, divulgando e alertando as mulheres para manterem seus cabelos presos durante as viagens pelos rios Amazônicos.

28 de agosto

Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento 

Vamos cobrar mais atenção do Poder Público, para criar mais espaços de inclusão social para as vítimas destas tragédias diárias. É preciso dar atendimento psicossocial às mulheres e meninas que sofreram escalpelamento, além de todo o acompanhamento médico indicado para esses casos.
Este é um drama que causa dores e marcas terríveis, no corpo e na alma.

Foto de Maria do Socorro Pelaes Damasceno (A presidente da Associação das Mulheres Escalpeladas do Amapá), sofreu um escalpelamento aos 7 anos e já fez várias cirurgias plásticas para reconstruir seu rosto e couro cabeludo.


Recentemente foi inaugurada em Belém, com apoio de uma emissora de TV, a Ong das Ribeirinhas Vítimas de Acidentes de Motor - ORVAM. Esta terá, entre outras atividades, um programa de apoio e acolhimento às mulheres que, sofrem com este drama e uma fábrica de perucas confeccionadas com cabelos humanos. A responsável pela ONG, Cristina, solicita que sejam doados cabelos naturais para a confecção de perucas. Quem puder ajudar deve ligar: 091.91170490.

Fontes sites:

SEEPS,SESPA, SEDUC- PA, SETEPS
ONG SARAPÓ
SANTA CASA- BELÉM
MARINHA DO BRASIL
PORTAL R7 

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