Considerado uma verdadeira TRAGÉDIA AMAZÔNICA, o escalpelamento ocorre quando o couro cabeludo (escalpo humano) é arrancado de forma brusca. O acidente acontece quando as vítimas, ao se aproximarem do motor das embarcações que singram os rios, principalmente na Amazônia e no estado de Santa Catarina, têm seus cabelos puxados e arrancados, total ou parcialmente pelo eixo do motor.
Com o objetivo
de tentar erradicar este tipo de acidente foi aprovada a Lei 11.970 que torna
obrigatório o uso de proteção no motor, eixo e partes móveis das embarcações. O
veículo que for flagrado sem o uso desses equipamentos, será apreendido e
multado, além do condutor ter suspensa a habilitação para navegar. Se houver
acidentes em decorrência da falta das proteções, quem dirige o barco poderá ser
processado criminalmente.
"A Marinha, por meio da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, vem combatendo o problema nos rios da região, intensificando a Inspeção Naval e promovendo a cobertura nas pequenas embarcações com eixo propulsor do motor descoberto". (http://www.mar.mil.br)
De acordo com
estatísticas, no período de 1982
a 2009 apenas no estado do Pará, foram confirmadas 242
vítimas por escalpelamento. As principais ocorrências foram na Grande Belém, em
Marajó, baixo Tocantins e Tapajós. Conforme a Santa Casa, 80% dos casos são de pessoas do sexo feminino, 65% crianças, 30% adultos e 5% idosas. Em toda a região Amazônica mais de 1,5 mil pessoas foram vítimas
de escalpelamento nos últimos anos.
O tratamento
das pessoas vítimas de escalpelamento, não pode recuperar os cabelos e nem as
graves lesões decorrentes do arrancamento abrupto do couro cabeludo, de orelhas
e pálpebras. Ele ocorre de modo gradual, por um longo e doloroso período e inclui
uma série de cirurgias reparadoras com enxertos. As pacientes podem ficar
internadas durante meses e até mais de um ano. São popularmente chamadas de
“meninas de turbantes”, na maioria são jovens e crianças, que precisam passar
por intervenções cirúrgicas e acompanhamento de vários profissionais e em
especial com cirurgião plástico.
É necessário
investir na PREVENÇÃO. Nós podemos nos comprometer com esta causa,
incentivando, divulgando e alertando as mulheres para manterem seus cabelos
presos durante as viagens pelos rios Amazônicos.
28 de agosto
Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento
Vamos cobrar
mais atenção do Poder Público, para criar mais espaços de inclusão social para
as vítimas destas tragédias diárias. É preciso dar
atendimento psicossocial às mulheres e meninas que sofreram escalpelamento,
além de todo o acompanhamento médico indicado para esses casos.
Este é um drama que causa dores e marcas terríveis, no corpo e na
alma.
Foto de Maria do Socorro Pelaes Damasceno (A presidente da Associação das
Mulheres Escalpeladas do Amapá), sofreu um escalpelamento aos 7 anos e já fez
várias cirurgias plásticas para reconstruir seu rosto e couro cabeludo.
Recentemente foi inaugurada em Belém, com apoio de uma emissora de TV, a Ong das Ribeirinhas Vítimas de Acidentes de Motor - ORVAM. Esta terá, entre outras atividades, um programa de apoio e acolhimento às mulheres que, sofrem com este drama e uma fábrica de perucas confeccionadas com cabelos humanos. A responsável pela ONG, Cristina, solicita que sejam doados cabelos naturais para a confecção de perucas. Quem puder ajudar deve ligar: 091.91170490.