Aula
Inaugural contará com a presença de indígenas mestres da cultura e
do documentarista Vincent Carelli. Cacique Pequena conduz ritual de
abertura do evento
A
câmera aprenderá os caminhos da aldeia e contará as histórias dos
povos indígenas refletindo-lhe os olhares. Este é o propósito da
Escola de Cinema Indígena Jenipapo-Kanindé (ECINDIJ), que será
inaugurada na próxima quinta-feira, 02 de agosto, a partir das 18h.
O lançamento acontece na Escola Indígena da aldeia Lagoa Encantada,
em Aquiraz, com programação gratuita e aberta ao público. Produção
do evento disponibilizará um ônibus para a população de Fortaleza
fazer os trajetos de ida e de volta entre Praça da Gentilândia e o
local da celebração.
Abrindo
as atividades da noite, a exposição “Nas aldeias: o cotidiano sob
o olhar da juventude indígena no Ceará” apresentará obras de
fotógrafos de seis etnias do Estado. Além de visibilizar talentos,
a exibição faz referências a um longo processo de apropriação
do audiovisual por integrantes desta e de outras aldeias localizadas
no Ceará, percurso expandido e potencializado pela Escola de Cinema
Indígena.
A
vasta programação do lançamento traz ainda atividades como uma
roda de conversa com lideranças indígenas, mestres da cultura, o
coordenador pedagógico Henrique Dídimo e outros profissionais da
ECINDIJ. O Cineasta e antropólogo Vincent Carreli ministrará a aula
inaugural “Vídeo nas aldeias – partilha de experiências com
audiovisual indígena”. Com mais de quatro décadas de experiência
no tema, Carelli vem ao Ceará especialmente para o evento.
Reunindo
indígenas e não indígenas em uma grande festa, a aula inaugural
reflete os objetivos da ECINDIJ de promover o estudo e a realização
de um audiviosual acordado às vivências indígenas, que possibilite
a auto-expressão e o registro de saberes tradicionais, valorizando a
diversidade de narrativas. A iniciativa também se destaca pelo viés
profissionalizante, oferecendo formação especializada de forma
gratuita e acessível. A
Escola de Cinema Indígena - Um Olhar Etnográfico é uma realização
da Associação de Mulheres Indígenas Jenipapo-Kanindé
com o apoio do Governo do Estado do Ceará, por
meio da Secretaria da Cultura, através do
edital Escolas da Cultura.
Cacique Pequena Jenipapo-Kanindé / Foto: Iago Barreto |
Confira
a programação completa da aula-inaugural
18h Abertura da exposição
Nas aldeias: o cotidiano sob o olhar da juventude indígena no Ceará
19h
Ritual de abertura conduzido pela Cacique Pequena Jenipapo-Kanindé seguido de roda de conversa com a participação de lideranças indígenas da região e coordenadores da Escola de Cinema Indígena.
Ritual de abertura conduzido pela Cacique Pequena Jenipapo-Kanindé seguido de roda de conversa com a participação de lideranças indígenas da região e coordenadores da Escola de Cinema Indígena.
20h
Aula-aberta com Vincent Carelli: Vídeo nas Aldeias - partilha de experiências com audiovisual indígena.
Aula-aberta com Vincent Carelli: Vídeo nas Aldeias - partilha de experiências com audiovisual indígena.
20h30
Apresentação audiovisual e roda de Toré.
Apresentação audiovisual e roda de Toré.
SERVIÇO
Mais
informações
Assessoria
de comunicação:
Naiana
Gomes: (85) 986392939
Contatos
para entrevistas:
Juliana
Alves, Cacique Irê do povo Jenipapo-Kanindé: (85) 988875108
Eliane
Alves, Presidente da Associação das
Mulheres Indígenas Jenipapo-Kanindé: (85) 986832141
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Emmele Soares Jenipapo-Kanindé / Foto: Iago Barreto |
Um
Olhar Etnográfico
Sediada
na aldeia Lagoa Encantada, Aquiraz, a Escola de Cinema Indígena
Jenipapo-Kanindé é fruto de um longo processo de apropriação do
audiovisual pelos povos indígenas das 14 etnias localizadas no
Ceará. Fazem parte deste percurso a realização de cineclubes,
oficinas, mostras de cinema, exposições fotográficas, entre outras
atividades desenvolvidas em parceria com instituições públicas,
organizações da sociedade civil e profissionais indigenistas,
sempre prezando pela autonomia de nossos povos originários.
A
Escola se estabelece como expansão e continuidade deste trabalho,
possibilitando aprendizados mais aprofundados do audiovisual por meio
de uma abordagem acordada às dinâmicas da aldeia, com um projeto
pedagógico construído coletivamente.
O
primeiro curso oferecido pela instituição começará também em
agosto próximo e se estenderá até o final de 2020, com turma
composta por moradores da aldeia Lagoa Encantada na faixa etária a
partir de 12 anos. Baseada nas vivências índigenas, a metodologia
da Escola aproximará o cotidiano e as tradições da aldeia dos
conhecimentos e ferramentas para a realização audiovisual. Também
corrobora com essa dinâmica a realização de uma parte das aulas ao
ar livre, utilizando o meio ambiente como referência.
Os
conteúdos serão transmitidos em módulos quinzenais, com carga
horária concentrada nos finais de semana, de forma que o curso seja
conciliável com o sistema tradicional de ensino, no caso dos alunos
adolescentes, ou com escalas de trabalho.
O
curso será estruturado em três etapas focadas em distintos
conteúdos práticos e teóricos que entretanto serão abordados
integradamente ao longo toda a formação. A primeira, denominada
“Olhares da aldeia-mundo”, proporcionará imersões na linguagem
audiovisual, priorizando perspectivas etnográficas. Em seguida, a
etapa “Instrumentos do olhar” terá foco na construção de
roteiros e na apropriação das técnicas de captação audiovisual.
Encerrando o percurso, “Narrativas de terra e tempo” contemplará
processos de edição, inclusive com laboratórios para o
desenvolvimento de projetos dos alunos.
Sobre
Vincent Carelli, professor convidado da aula inaugural
Vincent
Carelli se envolve com o indigenismo desde o início da década de
1970, sendo co-fundador do Centro de Trabalho Indigenista. Em 1986,
cria o Projeto Vídeo nas Aldeias, trabalho que coloca o vídeo a
serviço dos projetos políticos e culturais dos povos indígenas, e
se torna documentarista.
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Vicente Carelli / Foto: Arquivo |
Desde
então, produziu uma série de 16 documentários sobre os métodos e
resultados deste trabalho, que tem sido exibidos por televisões
públicas pelo mundo afora. A Arca dos Zo’é (1993) recebeu vários
prêmios em festivais, como o 16º Tokyo Video Festival o Cinéma du
Réel em Paris. Com o Vídeo nas Aldeias, Carelli recebeu o Prêmio
UNESCO na 6ª Mostra Internacional do Filme Etnográfico, em 1999, e
o Vídeo nas Aldeias recebe em 2000. Seu longa Corumbiara (2009), sobre
sua trajetória junto a índios isolados no sul de Rondônia, foi o
grande vencedor do festival de Gramado 2009 e foi premiado em muitos
festivais nacionais e internacionais. Neste ano o Vídeo nas Aldeias
recebe do governo brasileiro a condecoração da Ordem do Mérito
Cultural.
Em
2016, Carelli lança seu terceiro longa metragem, “Martírio”,
sobre o genocídio dos Guarani Kaiowa no Mato Grosso do Sul, premiado
no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, e lançado em sala de
cinema em 2017. Em dezembro de 2017 Vincent recebe o prêmio Prince
Claus da Holanda por sua produção cultural em apoio aos povos
indígenas. Hoje toda a produção do Vídeo nas Aldeias pode ser
acessada através da plataforma online VOD videonasaldeias/loja.
Evento: Aula Inaugural da Escola de Cinema Indígena Jenipapo-Kanindé
Local: Terra Indígena Lagoa Encantada, Aquiraz-CE
Data: 02 de agosto de 2018
Horário: A partir das 18h
Com
informações da Assessoria de Comunicação da ECINDIJ