O povo Anacé "habita tradicionalmente um território
situado em São Gonçalo do Amarante e Caucaia, municípios da Região
Metropolitana de Fortaleza. Sua emergência étnica tem estreita ligação com a
instalação, na mesma área, de uma série de empreendimentos que integram o
Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP)” (Brissac e Nóbrega, 2010).
Segundo Santana (2010) os Anacé aparecem “na literatura
desde o século XVII, quando o padre Antônio Vieira cita este povo em seu relato
da missão na serra de Ibiapaba. O historiador Carlos Studart Filho, em sua obra
“Notas históricas sobre indígenas cearenses”, documenta que os Anacé moravam
junto à costa, eram guerreiros e estavam
indispostos a submeter-se ao novo reordenamento imposto pela Coroa portuguesa.
Em 1694, Fernão Carrilho sitiou parte dos Anacé a oito léguas ao Norte da
Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, onde permanecem até hoje."
(Santana et al, 2010).
"Em 1863, o Governo Provincial decretou não haver mais
índios no Ceará, alegando que os indígenas foram mortos ou fugiram, dessa
forma, os territórios indígenas podiam ser usurpados. Mas o que ocorreu na
verdade, foi que as populações indígenas, como estratégia de sobrevivência,
optaram por ocultar sua identidade, sobretudo nos aspectos mais exógenos.
Deixaram de falar a língua nativa e adotaram alguns elementos do catolicismo
popular que se assemelhavam aos seus costumes religiosos.” (Santana et al,
2010).
“Esse povo, assim como tantos povos indígenas do Nordeste,
têm elegido o toré como “prática performática” para o fortalecimento de sua
luta em meio ao conflitivo processo de implantação do CIPP. No entanto, além
dessa manifestação cultural, que, em certo sentido, é voltada para o exterior,
os índios Anacé têm outras práticas que podemos considerar voltadas para dentro. É neste ponto em que se situam
os ritos realizados pelos especialistas de cura Anacé e a “corrente de índios”
ou “corrente dos encantados”. (Brissac e Nóbrega, 2010).
Fonte: Povos Indígenas no Brasil – Instituto Socioambiental
Fonte: Povos Indígenas no Brasil – Instituto Socioambiental
Como parte das atividades programadas durante a Semana do Meio Ambiente 2014, estão sendo
realizadas rodas de conversas junto às comunidades indígenas debatendo os temas: mudanças
climáticas, a água e a necessidade urgente de reflorestamento de áreas
degradadas.
A primeira comunidade que participou da ação foi a aldeia Monguba – Terra Indígena Pitaguary no dia 27 de novembro. A segunda ação foi
realizada no dia 30 de novembro na aldeia Japuara e ainda aldeia Matões na Terra Indígena Anacé. O próximo encontro será na Terra Indígena Tremembé de
Itapipoca.
Veja vídeos:
“São Paulo também está sofrendo. A gente tem praticamente todo o Nordeste em situação de calamidade. No Ceará hoje se você somar a água de todos os reservatórios só tem 1/5, ou seja, 20% da capacidade. E, detalhe, metade desses açudes está com menos de 10% da água ou chegando naquilo que se chama de volume morto, que é a água que fica embaixo do cano e não dar mais para tirar, só uma lama que não se pode aproveitar”. Alexandre Araújo Costa - Ph.D. em Ciências Atmosféricas, Professor Titular da Universidade Estadual do Ceará.
“O que me preocupa é a nossa vegetação que está se acabando, se a nossa vegetação está se acabando cadê a nossa água? Que através das nossas árvores a chuva vem!” Cacique Antônio Anacé
Apoio:
Fórum Ceará no Clima, Coletivo Agroflorestar, Observatório Socioambiental e Comitê Permanente em Apoio à Causa Indígena.