domingo, 7 de dezembro de 2014

Mudanças Climáticas e Povos Indígenas: roda de conversa com o povo Anacé



Foto: Cacique Antônio e Júnior Anacé

O povo Anacé "habita tradicionalmente um território situado em São Gonçalo do Amarante e Caucaia, municípios da Região Metropolitana de Fortaleza. Sua emergência étnica tem estreita ligação com a instalação, na mesma área, de uma série de empreendimentos que integram o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP)” (Brissac e Nóbrega, 2010).

Segundo Santana (2010) os Anacé aparecem “na literatura desde o século XVII, quando o padre Antônio Vieira cita este povo em seu relato da missão na serra de Ibiapaba. O historiador Carlos Studart Filho, em sua obra “Notas históricas sobre indígenas cearenses”, documenta que os Anacé moravam junto à costa,  eram guerreiros e estavam indispostos a submeter-se ao novo reordenamento imposto pela Coroa portuguesa. Em 1694, Fernão Carrilho sitiou parte dos Anacé a oito léguas ao Norte da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, onde permanecem até hoje." (Santana et al, 2010).

"Em 1863, o Governo Provincial decretou não haver mais índios no Ceará, alegando que os indígenas foram mortos ou fugiram, dessa forma, os territórios indígenas podiam ser usurpados. Mas o que ocorreu na verdade, foi que as populações indígenas, como estratégia de sobrevivência, optaram por ocultar sua identidade, sobretudo nos aspectos mais exógenos. Deixaram de falar a língua nativa e adotaram alguns elementos do catolicismo popular que se assemelhavam aos seus costumes religiosos.” (Santana et al, 2010).

“Esse povo, assim como tantos povos indígenas do Nordeste, têm elegido o toré como “prática performática” para o fortalecimento de sua luta em meio ao conflitivo processo de implantação do CIPP. No entanto, além dessa manifestação cultural, que, em certo sentido, é voltada para o exterior, os índios Anacé têm outras práticas que podemos considerar voltadas  para dentro. É neste ponto em que se situam os ritos realizados pelos especialistas de cura Anacé e a “corrente de índios” ou “corrente dos encantados”. (Brissac e Nóbrega, 2010).
Fonte: Povos Indígenas no Brasil – Instituto Socioambiental 

                                                             Foto: sr. Jaime, sr. Flávio, cacique Antônio, e Gorete

Como parte das atividades programadas durante a Semana do Meio Ambiente 2014, estão sendo realizadas rodas de conversas junto às comunidades indígenas debatendo os temas: mudanças climáticas, a água e a necessidade urgente de reflorestamento de áreas degradadas.


Foto: Gorete, Evilene, Bárbara e Alexandre Costa

A primeira comunidade que participou da ação foi a aldeia Monguba – Terra Indígena Pitaguary no dia 27 de novembro. A segunda ação foi realizada no dia 30 de novembro na aldeia Japuara e ainda aldeia Matões na Terra Indígena Anacé. O próximo encontro será na Terra Indígena Tremembé de Itapipoca.

Veja vídeos: 


“São Paulo também está sofrendo. A gente tem praticamente todo o Nordeste em situação de calamidade. No Ceará hoje se você somar a água de todos os reservatórios só tem 1/5, ou seja, 20% da capacidade. E, detalhe, metade desses açudes está com menos de 10% da água ou chegando naquilo que se chama de volume morto, que é a água que fica embaixo do cano e não dar mais para tirar, só uma lama que não se pode aproveitar”. Alexandre Araújo Costa - Ph.D. em Ciências Atmosféricas, Professor Titular da Universidade Estadual do Ceará.


“O que me preocupa é a nossa vegetação que está se acabando, se a nossa vegetação está se acabando cadê a nossa água? Que através das nossas árvores a chuva vem!” Cacique Antônio Anacé


Apoio: 
Fórum Ceará no Clima, Coletivo Agroflorestar, Observatório Socioambiental e Comitê Permanente em Apoio à Causa Indígena.


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