O aumento do acesso à fontes aprimoradas de água potável é
uma das metas conquistadas pelos ODMs, de acordo
com o novo relatório da ONU.
Foto: Banco Mundial/Allison Kwesell
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lançou, nesta
segunda-feira (7), o mais novo e importante Relatório Global dos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio 2014, que mostra um balanço global atualizado sobre
os esforços feitos até o momento para alcançar esses resultados.
Com o prazo final para alcançar os Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODMs) até 2015, Ban acredita que o relatório irá
estimular os últimos esforços para conquistar algumas metas pendentes e ajudar
na elaboração de um um forte e ambicioso plano sucessor, pós-2015.
O secretário-geral da ONU observou que o mundo mudou
drasticamente desde a adoção da Objetivos de Desenvolvimento do Milênio,
acordados pelos líderes mundiais na cúpula da ONU em 2000. “O desenvolvimento,
a paz, a segurança e o estado de direito estão mais profundamente conectados do
que nunca. A erradicação da pobreza extrema significa um imperativo ainda mais
claro para a construção de sociedades estáveis”, acrescentou.
Os atuais indicadores globais dos ODM
De acordo com o relatório, o mundo já atingiu algumas metas
como a redução da pobreza, o aumento do acesso às fontes aprimoradas de água
potável, a melhoria de vida dos moradores das favelas e o alcance da paridade
de gênero no ensino primário.
“Os ODMs têm ajudado a unir, inspirar e transformar e a ação
conjunta com os governos, a comunidade internacional civil e o setor privado
podem fazer a diferença”, disse Ban, citando também os ótimos resultados
obtidos na luta contra a malária e a tuberculose, bem como o acesso ao
tratamento do vírus HIV. No entanto, algumas metas relacionadas aos grandes
problemas evitáveis, como a redução da mortalidade infantil e materna e o
aumento do acesso a saneamento ainda não foram atingidas e estão
“retrocedendo”.
“Nós sabemos que os resultados obtidos são desiguais entre
os objetivos, entre e dentro das regiões e países, e entre grupos
populacionais. Para os mais marginalizados e vulneráveis da sociedade, a
exclusão social e a discriminação ainda estão entre os maiores obstáculos para
o progresso”, disse Ban Ki-moon, acrescentando que a menos que esses
desequilíbrios sejam tratados por meio de intervenções mais ousadas e mais
focadas, algumas metas não serão cumpridas, inclusive em áreas importantes,
como o parto, a mortalidade materna, a educação universal e a sustentabilidade
ambiental.
Ele também alertou sobre a situação cada vez mais crítica da
gestão prudente do meio ambiente para o desenvolvimento econômico e social
sustentável. “Em particular, nós devemos agir urgentemente para limitar o
aumento da temperatura global e reforçar a resiliência aos impactos climáticos.
Todos nós compartilhamos da responsabilidade de promover o desenvolvimento
sustentável equitativo. Temos que agir em conjunto e intensificar os nossos
esforços”, disse Ban.
Sobre os novos desafios e o futuro da agenda pós-2015
“Nossas ações para alcançar os ODMs são fundamentais para a
construção de uma base sólida para o desenvolvimento pós-2015. Ao mesmo tempo,
devemos construir um quadro sucessor forte para atender às áreas de negócios e
os locais inacabados não alcançados pelos oito Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio”, disse Ban. “Combater a crescente desigualdade em países ricos e
pobres, tornou-se um desafio que define a nossa época. Nosso objetivo pós-2015
deve focar em não deixar ninguém para trás”, declarou ele.
Apesar do tamanho dos desafios, Ban Ki-moon destacou que a
comunidade internacional tem mais ferramentas à sua disposição como maior
acesso às novas tecnologias, o fortalecimento de importantes parcerias e a
crescente compreensão para alcançar ótimos resultados.
“Nós temos uma oportunidade de aplicar novas abordagens para
acelerar o progresso e pavimentar o caminho para um quadro de desenvolvimento
mais ambicioso, inclusivo e universal”, disse Ban. “Esse relatório irá delinear
uma visão mais ampla para a construção da agenda de desenvolvimento pós-2015.
Ela contará com as deliberações e os trabalhos da Assembleia Geral da ONU e do
Conselho Econômico e Social da ONU (ECOSOC), e o seu alcance e ambição serão
influenciados pelos resultados produzidos pelo Grupo de Trabalho Aberto e o
Comitê Intergovernamental de Especialistas para o Financiamento do
Desenvolvimento Sustentável”, acrescentou.
No âmbito intergovernamental, o novo Fórum Político de Alto
Nível sobre Desenvolvimento Sustentável vai beneficiar o trabalho do Fórum
sobre Cooperação para o Desenvolvimento, que abordará algumas das questões
críticas sobre o futuro da cooperação para o desenvolvimento.
“Este Fórum pode dar impulso à definição da agenda em todo o
sistema das Nações Unidas. O mundo conta com este Fórum e com nossa nova
arquitetura para fornecer orientação, liderança e ação para a implementação da
nova agenda”, disse Ban Ki-moon, instando os estados-membros a trabalhar em
conjunto para “preparar o caminho para o futuro que queremos – uma vida da
dignidade para todos”, acrescentou.
Sobre a agenda de desenvolvimento pós-2015, o presidente da
ECOSOC, Martin Sajdik, acrescentou: “Estamos nos aproximando da criação de uma
nova agenda de desenvolvimento pós-2015 mais abrangente e centrada nas pessoas.
Essa agenda terá como objetivo livrar a humanidade da pobreza e da fome, e
atingir o desenvolvimento sustentável. A nova agenda terá como base os ODMs e
irá completar os negócios inacabados e responder a novos desafios. Ela também
será universal que é fundamental para o futuro da humanidade.”