por *João Alfredo Telles Melo
Amig@s, companheir@s, camaradas,
A luta que se desenrola hoje na entrada do Parque do Cocó contra sua degradação para dar lugar a um complexo de viadutos não se resume apenas às árvores que foram mortas ou poderão ser (o que, em minha opinião, já seria muito: em torno de 100 espécimes adultos!); é uma disputa bem mais ampla. O que está em jogo neste momento é uma disputa real e simbólica sobre o que entendemos por Direito à Cidade.
É um embate sobre o que consideramos um "bem
comum" de toda a população, dessas e das futuras gerações, que é o Parque
do Cocó (em uma cidade que perdeu mais de 90% de sua cobertura vegetal e que
tem uma relação de apenas 4m2 por habitante de área verde); sobre a visão de um
"desenvolvimento" calcado nas grandes obras suntuárias e nos
transporte rodoviário individual; sobre a necessidade de participação popular
na definição da cidade que queremos (que poderia, em audiências públicas, debater
sobre as alternativas que pudessem conciliar mobilidade humana com
sustentabilidade ambiental); sobre a resistência a governos autoritários e
representantes do interesse do grande capital (que se negam a fazer essas
audiências) etc.
O/a/s jovens que estão acampados há catorze dias,
dentre os quais militantes de nosso partido ou de outros ou sem partido,
autonomistas, críticos radicais, ecologistas etc. merecem todo o nosso apoio
porque NOS REPRESENTAM diretamente nessa luta; seus corpos hoje são a trincheira
contra a degradação aética, antiecológica e anti-humanista que o grande capital
e seus representantes querem realizar por sobre a cidade, sua natureza, seu
povo.
Do ponto de vista da luta pelo Direito à Cidade, o #OcupeCocó em nosso
principal parque urbano é, em certa medida, semelhante ao que se estabeleceu na
Praça Taksin, em Istambul, na Turquia (onde um parque cederia lugar a um
shopping), e, simbolicamente, se assemelha a outros acampamentos, como o dos
indignados da Puerta do Sol, em Madri, ou da Praça Tahir, no Cairo, ou ainda, o
Ocupe Wall Street. Ou seja, ação direta em defesa dos "commons", os
nossos "bens comuns", que são praças, parques, espaços públicos, e
contra o modo de vida alienante, injusto, insustentável e antidemocrático da
civilização do capital.
Por isso, resistir é preciso!
Todo/a/s ao Parque do Cocó!
''CRIAR É RESISTIR / RESISTIR É CRIAR"
(S.
Hessel, "Indignai-vos!¨)
*João Alfredo Telles Melo é Vereador de Fortaleza (PSOL), Ecossocialista, Advogado e Professor de Direito Ambiental.